19 fevereiro 2013

1 - O Início


Sentada no parque em frente ao trabalho, em seu horário de almoço, para pegar um solzinho antes de começar o trabalho, Carolina observa as pessoas caminhando apressadamente e pergunta-se o porquê de tanta pressa de alguns. E enquanto pensa em algumas possibilidades, aplica histórias em cada uma delas. Como um senhor que anda apressado com uma sacola de pano cor de laranja em uma das mãos; talvez esteja atrasado para entregar aquela bolsa a alguém muito importante, a mãe que carrega o filho com uma enorme mochila nas costas, apressada e sem olhar ao redor, talvez precise deixar o filho rápido no colégio, pois tem uma reunião importante no trabalho ou uma adolescente que masca chicletes sentada no meio fio, segurando uma mecha de cabelo, o que será que ela pensa? De repente, sente algo, mira seu olhar para frente e avista um rapaz loiro sentado do outro lado observando-a.
Carolina sente-se estremecer e corar, pois os olhos do estranho não desviam um só segundo. Pensou há quanto tempo ele estaria ali, observando-a, quando desvia o olhar.
Logo em seguida, ela volta a olhá-lo para conferir se ainda estava ali e estava. Ele sorri ligeiramente e se levanta. Parecia que ia embora, mas o desvio era apenas para enganá-la, então, começou a caminhar em direção a ela.
Carolina reparou em seus olhos bem azuis, em uma pele muita clara, com um pouco de olheiras, mas isso não tirava sua beleza. Ele para a alguns centímetros de Carolina, esperando a deixa para um papo. 
Ele então, sem cerimônia, pergunta se pode se juntar a ela.
Carolina sorri encabulada e com o olhar afirmativo, o estranho se senta no banco da praça.
O estranho vestia uma camisa azul clara, que realçava seus olhos bem azuis. O cabelo era no estilo bagunçado, bem charmoso.
- Oi! Desta vez não resisti e criei coragem para vir falar contigo. - ele falou sorrindo.
- Coragem?
- Sim. Sempre a vejo por aqui, neste mesmo banco. Você nunca me viu? - perguntou olhando para Carolina esperando resposta.
- Desculpe, fico tão distraída. - falou Carolina abaixando a cabeça.
- Tudo bem, já percebi isso - ele sorriu. - Me chamo Phillip e você? - falou mostrando a palma da mão para um aperto.
- Carolina! Trabalho logo ali! - atrapalhou-se com as mãos, tentando apontar para o prédio e segurando a mão de Phillip.
Os dois riram e Carolina pensou: "Não deveria ter dito aquilo, se ele for um maluco, se começar a me perseguir?"
- Trabalho a três quadras daqui. Almoço com meus colegas de trabalho e depois venho pra cá, sozinho, para ouvir música, distrair a mente. - falou Phillip sem tirar os olhos de Carolina.
E Carolina não conseguia desviar a atenção dos lábios de Phillip; uma boca perfeita, rosada e com o lábio superior ligeiramente maior e toda vez que ele falava, fazia um biquinho encantador.
Phillip era bem agitado, se expressava bem e era contagiante.
Carolina perguntou:
- Você é brasileiro, Phillip?
- Na verdade sou, mas meus pais são americanos; de Chicago e vieram para cá meses antes d'eu nascer. Meu pai conseguiu uma boa qualificação para a empresa brasileira e topou vir trabalhar aqui. Cá estou! - falou Phillip finalizando com um belo sorriso.
- Eles não quiseram dar um nome brasileiro para você?
- Phillip era o nome de meu avô materno, que morrera naquele mesmo ano. E eu gosto do meu nome.
- Bela homenagem, é realmente um lindo nome! - falou Carolina.
- Obrigado. O seu também é muito bonito. - falou Phillip devolvendo o elogio.
- Você conhece Chicago? - falou Carolina curiosa.
- Sim, claro! Vamos muito em nossas férias, temos família lá ainda: tios, primos e avós.
- Família grande?
- Grande e espaçosa! - Phillip soltou uma gargalhada.
- E você, Carolina?
- Pode me chamar de Carol... E, minha família é pequena. Um irmão ainda pequeno, pai e uma gatinha. Minha mãe é falecida.
- Sinto muito, Carol.
- É... Pois é.
Carolina tentando mudar de assunto, perguntou qual a profissão que Phillip exercia.
- Sou publicitário!
Mais uma vez, Carolina o observou e viu que ele tinha um olhar bem irrequieto, mas ao mesmo tempo sereno.
Carolina olhou para o relógio e viu que o intervalo estava quase terminando e ficou triste, queria que a conversa fosse mais longa.
- Phillip, preciso ir, meu horário terminou! O papo estava ótimo e foi bom te conhecer.
- Foi bom sair do platônico! Te vejo outra hora. - falou Phillip.
E com dois beijos na bochecha, os dois se despediram.