Sentada
no parque em frente ao trabalho, em seu horário de almoço, para
pegar um solzinho antes de começar o trabalho, Carolina observa as
pessoas caminhando apressadamente e pergunta-se o porquê de tanta
pressa de alguns. E enquanto pensa em algumas possibilidades, aplica
histórias em cada uma delas. Como um senhor que anda apressado com
uma sacola de pano cor de laranja em uma das mãos; talvez esteja
atrasado para entregar aquela bolsa a alguém muito importante, a mãe
que carrega o filho com uma enorme mochila nas costas, apressada e
sem olhar ao redor, talvez precise deixar o filho rápido no colégio,
pois tem uma reunião importante no trabalho ou uma adolescente que
masca chicletes sentada no meio fio, segurando uma mecha de cabelo, o
que será que ela pensa? De repente, sente algo, mira seu olhar para
frente e avista um rapaz loiro sentado do outro lado observando-a.
Carolina
sente-se estremecer e corar, pois os olhos do estranho não desviam
um só segundo. Pensou há quanto tempo ele estaria ali,
observando-a, quando desvia o olhar.
Logo
em seguida, ela volta a olhá-lo para conferir se ainda estava ali e
estava. Ele sorri ligeiramente e se levanta. Parecia que ia embora,
mas o desvio era apenas para enganá-la, então, começou a caminhar
em direção a ela.
Carolina
reparou em seus olhos bem azuis, em uma pele muita clara, com um
pouco de olheiras, mas isso não tirava sua beleza. Ele para a alguns
centímetros de Carolina, esperando a deixa para um papo.
Ele
então, sem cerimônia, pergunta se pode se juntar a ela.
Carolina
sorri encabulada e com o olhar afirmativo, o estranho se senta no
banco da praça.
O
estranho vestia uma camisa azul clara, que realçava seus olhos bem
azuis. O cabelo era no estilo bagunçado, bem charmoso.
-
Oi! Desta vez não resisti e criei coragem para vir falar contigo. -
ele falou sorrindo.
-
Coragem?
-
Sim. Sempre a vejo por aqui, neste mesmo banco. Você nunca me viu? -
perguntou olhando para Carolina esperando resposta.
-
Desculpe, fico tão distraída. - falou Carolina abaixando a cabeça.
-
Tudo bem, já percebi isso - ele sorriu. - Me chamo Phillip e você?
- falou mostrando a palma da mão para um aperto.
-
Carolina! Trabalho logo ali! - atrapalhou-se com as mãos, tentando
apontar para o prédio e segurando a mão de Phillip.
Os
dois riram e Carolina pensou: "Não
deveria ter dito aquilo, se ele for um maluco, se começar a me
perseguir?"
-
Trabalho a três quadras daqui. Almoço com meus colegas de trabalho
e depois venho pra cá, sozinho, para ouvir música, distrair a
mente. - falou Phillip sem tirar os olhos de Carolina.
E
Carolina não conseguia desviar a atenção dos lábios de Phillip;
uma boca perfeita, rosada e com o lábio superior ligeiramente maior
e toda vez que ele falava, fazia um biquinho encantador.
Phillip
era bem agitado, se expressava bem e era contagiante.
Carolina
perguntou:
-
Você é brasileiro, Phillip?
-
Na verdade sou, mas meus pais são americanos; de Chicago e vieram
para cá meses antes d'eu nascer. Meu pai conseguiu uma boa
qualificação para a empresa brasileira e topou vir trabalhar aqui.
Cá estou! - falou Phillip finalizando com um belo sorriso.
-
Eles não quiseram dar um nome brasileiro para você?
-
Phillip era o nome de meu avô materno, que morrera naquele mesmo
ano. E eu gosto do meu nome.
-
Bela homenagem, é realmente um lindo nome! - falou Carolina.
-
Obrigado. O seu também é muito bonito. - falou Phillip devolvendo o
elogio.
-
Você conhece Chicago? - falou Carolina curiosa.
-
Sim, claro! Vamos muito em nossas férias, temos família lá ainda:
tios, primos e avós.
-
Família grande?
-
Grande e espaçosa! - Phillip soltou uma gargalhada.
-
E você, Carolina?
-
Pode me chamar de Carol... E, minha família é pequena. Um irmão
ainda pequeno, pai e uma gatinha. Minha mãe é falecida.
-
Sinto muito, Carol.
-
É... Pois é.
Carolina
tentando mudar de assunto, perguntou qual a profissão que Phillip
exercia.
-
Sou publicitário!
Mais
uma vez, Carolina o observou e viu que ele tinha um olhar bem
irrequieto, mas ao mesmo tempo sereno.
Carolina
olhou para o relógio e viu que o intervalo estava quase terminando e
ficou triste, queria que a conversa fosse mais longa.
-
Phillip, preciso ir, meu horário terminou! O papo estava ótimo e
foi bom te conhecer.
-
Foi bom sair do platônico! Te vejo outra hora. - falou Phillip.
E
com dois beijos na bochecha, os dois se despediram.