20 setembro 2012

17 - Explicação


Assim que pegou suas coisas, Phillip andou com passos largos em direção a Carolina, que estava com um semblante rancoroso.
- Eu achei que você fosse um cara decente. - falou Carolina sem olhar para Phillip.
- Mas eu sou! Por que você está falando isso? Olha para mim! - exasperou-se Phillip. 
- Me senti traída... Usada. 
- Carol, não estou te usando e não te traí. Vamos, vou te levar para jantar e te explico.
- Não, não quero jantar, estou com nojo de olhar para a sua cara! - falou Carolina.
- Posso me explicar, pelo menos? Sei que está com raiva, posso imaginar, foi a mesma sensação que tive ao ler aquela carta.
- Qual carta? - perguntou Carolina.
- Venha, vamos - Phillip pegou Carolina pelos braços e a levou até a praça.
Quando chegaram à praça, sentaram no banco, um de frente para o outro e Phillip tentou convencer Carolina que ele também estava tão surpreso quanto ela.
A movimentação das pessoas não atrapalhou a conversa do casal que pareciam estar sozinhos. Carolina não conseguia disfarçar a decepção.
- Hoje, recebi uma notificação do Ministério Público, informando que Luciana entrou com uma ação na justiça pedindo pensão alimentícia e preciso comparecer à audiência na próxima semana. Só preciso ver com meu advogado, preciso pedir uma contestação, teste de DNA, sei lá. Como ela provou isso? Essa criança nem sequer nasceu! - falou Phillip confuso.
- Mas, como isso foi acontecer? Quando a conheci, ela nem tinha barriga!
- Pois é, liguei para ela assim que recebi a carta. Ela disse que está de três meses e enjoando muito, ela frisou isso muito bem.
- Mas é seu, Phill? Por favor, diga que não é seu... - implorou Carolina.
- Carol, eu preciso ser sincero contigo...
- Mas não foi, Phill.
- Você não precisava saber de certos detalhes, que até mesmo eu queria esquecer.
- Que detalhe? - perguntou Carolina melindrosa.
- Depois que eu e Luciana terminamos, nos encontramos duas vezes, em episódios de pura coincidência. 
- Você quer dizer que se esbarraram por aí sem querer e transaram, é isso, Phill?
- É, Carol... É isso mesmo. - falou Phillip olhando para o sapato.
Carolina sentiu que estava sendo muito rude com Phillip e mudou sua atitude, pegando no queixo de Phillip e o levantando, para que olhasse diretamente em seus olhos.
- Desculpe, Phill, sei que estou sendo rude contigo, sei que isso pode acontecer a qualquer um, não quero que você pense que estou com raiva de você.
- Mas não é isso que está parecendo...
- Eu sei. Estou com raiva sim, da situação, do constrangimento que passei, por achar que você estava omitindo algo, na verdade estava, mas não podia exigir isso.
- Um dia contaria tudo para você, não achei que o momento fosse esse.
- Eu sei, Phill. Tudo aconteceu tão rápido, na hora não pensei direito, mas agora que já estou mais calma, sei que você se encontrou com ela antes de me conhecer...
- É claro, Carol, não faria isso estando com você. Você é o meu bem mais precioso, não iria perder você por causa desse ímpeto que tive com a Luciana.
- Só com a Luciana?
- Nem com outra mulher! Carol, você me conquistou desde o primeiro dia, eu só quero você e estou desnorteado com essa situação, não sei o que fazer.
- Você acha que é seu? - perguntou mais uma vez Carolina.
- Não sei, Carol, realmente não sei mesmo. Nas duas vezes que ficamos juntos, não me preveni e me parece que nem ela. Fui um tolo, estava bêbado e ela soube me conduzir direitinho.
- Ela não joga para perder... - fez um gesto com a boca, mostrando raiva.
- Mas, pode ser que não seja meu. Vou procurar o Murilo logo pela manhã.
- Quem é Murilo?
- Meu advogado! Ele vai saber me orientar... - falou Phillip pensativo.
Quando ficaram em silêncio, Carolina e Phillip pegaram um na mão do outro e num gesto rápido se abraçaram e ficaram por um bom tempo assim, sem nada dizer, só se escutava a respiração um do outro e os passos frenéticos das pessoas pela praça. Parecia que a cidade estava toda em preto e branco, igual ao sentimento que eles nutriam em relação a esse delicado assunto.

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