14 agosto 2012

41 - Despedida


A noite anterior foi divertida. Carolina e Phillip saíram da pousada para conhecer um pouco a cidade. Entraram em algumas lojas de artesanato e na casa de cultura local, onde conheceram algumas exposições. 
Nas calçadas, artistas plásticos mostravam suas belas pinturas, shows de dança e teatro também faziam parte do centro histórico. A cidade estava iluminada e agitada, parecia que as pessoas tinham surgido do nada. 
Caminharam de mãos dadas, comentando cada detalhe dos prédios e das casas, em sua maioria coloridas, com os moradores em suas janelas os observando.
Resolveram finalizar a noite em um restaurante que tinha uma decoração no estilo de Toscana, na Itália. Um ambiente descontraído com garçons de branco e usando chapéus de palha. O garçom que os atendeu comentou que o português de Phillip era ótimo, achando que ele era estrangeiro. Phillip esclareceu que só tinha cara e que era brasileiro tanto quanto ele. Por sugestão do simpático garçom, escolheram um peixe grelhado ao molho de vinho com palmitos e arroz de castanha de caju, junto com um vinho branco e de sobremesa, sorvete cremoso de chocolate salpicado de bananas. Depois do jantar, ainda curtiram um show ao vivo de um músico da região cantando e tocando gaita. Assistiram alguns turistas andando tortos pelas calçadas de pedra e tantos outros cantando alegremente, abraçados as suas companheiras e amigos.
Carolina não deixou que o vinho afetasse seu comportamento ligeiramente grogue e terminou a noite nos braços de Phillip, mais apaixonada do que quando chegou.
Já era manhã de domingo quando Carolina acordou e foi direto para o banheiro, antes que Phillip despertasse de seu sono. Olhou-se no espelho sorrindo para si e lavou o rosto com o sabonete artesanal para tirar o amassado, bochechou e passou um pouco da pasta de dente na boca, para tirar um pouco do mau hálito matinal. Sabia muito bem que não estava sonhando, apesar de estar tudo tão perfeito que parecia mesmo um filme daqueles bem açucarados. Enquanto fazia isso, Carolina ria e fazia tudo depressa para que Phillip não desconfiasse. Deu leves batidas em sua face para que ficassem coradas e voltou para a cama, acordando Phillip com beijos, fungadas e o abraçando.
- Hmmm, uau, acordar assim é bom demais! - falou Phillip.
- Sinta-se abençoado! - respondeu Carolina rindo.
- O que vamos fazer hoje? - perguntou Phillip.
- Jogar aquela sinuca que você me prometeu... - insinuou Carolina.
- Jogar uma partida de tênis primeiro, não pense que me enganará fácil.
- Sim, senhor, eu só estava testando sua memória! - falou Carolina.
- Sei...
Levantaram-se, Phillip indo ao banheiro e Carolina abrindo as cortinas e dando um suave suspiro ao visualizar o céu azul e o sol batendo forte na varanda. Escolheu um biquíni vermelho e por cima, colocou um vestido soltinho na altura das coxas bronzeadas. Quando ia pegar a sandália próxima da cama, o celular de Phillip começou a tocar. Carolina saiu correndo para atender quando se deparou com uma chamada de Luciana.
- Atende, amor, pode ser minha mãe! - berrou Phillip do banheiro.
- É a megera da Luciana! - respondeu Carolina e atendeu logo em seguida.
- Alô! Quem está ai? - perguntou Luciana.
- É Carolina. 
- Ah, oi, Carolina, meu ex-marido está por aí? Preciso falar com ele.
- Phillip está ocupado, quer deixar algum recado, Luciana?
- Quero sim, quero que ele me retorne imediatamente! - falou Luciana, desligando logo em seguida, deixando Carolina com cara de tacho.
Phillip saiu do banheiro enrolado na toalha perguntando o que houve e pelo que viu não foi nada agradável, visando pela a cara de poucos amigos de Carolina.
- Você acredita que aquela magricela barriguda ligou exigindo que você ligasse para ela? Só faltava isso para atrapalhar nosso fim de semana.
- Calma, meu amor, não precisa ficar nervosa. Eu não vou ligar. - tranquilizou Phillip.
- Não tem como, Phill, parece que ela faz de propósito, aliás, é lógico que ela faz de propósito, toda hora liga para você, como se eu fosse sua amante.
- Deixa ela para lá, vem cá. - falou Phillip tentando abraçá-la.
- Não, Phill, acho melhor ligar para ela, vai que é o bebê, seu filho. - ironizou com raiva Carolina.
- Você está querendo colocar a culpa em mim? Estragar tudo, Carolina? Acho melhor ligar para Luciana mesmo.
Phillip pegou o celular no criado mudo e discou para Luciana. Ficaram dez minutos ao celular e na maior parte do tempo, Luciana era quem falava. Ela queria que Phillip voltasse logo para marcarem juntos o dia do parto, queria cesariana, pois não queria sofrer em um parto normal, queria se livrar logo daquilo com uma cesariana.
Carolina ouvia tudo calada, batendo o pé nervosamente e assim que Phillip desligou a ligação ficou esperando por ele.
- É isso que Luciana quer, que a gente brigue, mas isso não vai acontecer, não é mesmo? Você está nervosa à toa. - falou Phillip.
- Não é à toa... Essa mulher me tira do sério e por saber que ela espera um filho seu, eu morro de ciúmes, assumo, não gosto dessa situação.
- E você acha que eu gosto? Você acha que está sendo fácil para mim?
- Sei que não, meu bem, me desculpe, mas às vezes me bate uma insegurança, como se esse filho pudesse derrubar o nosso namoro.
- Jamais pense numa coisa dessas! Se eu gostasse da Luciana, estaria com ela, você não acha? - afirmou Phillip mexendo nos cabelos de Carolina e depois a beijando.
- Eu te amo! - falou Carolina abraçada a Phillip.
- Eu também te amo! 
- Então vamos embora, já perdemos tempo demais falando dessa mulher. Vamos aproveitar nosso último dia neste paraíso!
- Agora eu concordo com você! Xô desgraça! - riu Phillip.
Momentaneamente esqueceram-se de Luciana divertiram-se jogando tênis. Carolina não levava muito jeito, perdendo todos os pontos e fazendo a alegria de Phillip. Depois de suarem a camisa, Carolina e Phillip tomaram uma ducha e mergulharam na piscina que naquele momento era só deles.
À noite despediram-se daquele paraíso por um breve momento, pois sabiam que iriam voltar mais vezes.
Arrumaram suas malas com um ligeiro pesar no rosto e voltaram para as suas rotinas com o gostinho doce e saudoso daquele fim de semana inesquecível.

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