31 agosto 2012

27 - Plano


Após um final de semana maravilhoso, a semana começou com tempo nublado e nuvens carregadas. Segunda-feira já era chata e com o tempo querendo desabar, era pior ainda.
Phillip precisava ligar para o Dr. Murilo, pois tinha algumas dúvidas.
- Bom dia, Dr. Murilo. Como vão as coisas?
- Tudo bem, Phillip. Qual sua dúvida?
- O senhor já sabe que eu teria dúvidas? - perguntou Phillip surpreso.
- Sim, meu caro, já sabia. Vamos a ela!
- Dr. Murilo, uma grávida pode fazer exame de DNA?
- Bem. Poder pode, mas não é muito recomendado, vou explicar o motivo. Os métodos de coleta de material fetal são invasivos, oferecendo risco de aborto, em pouca porcentagem, mas ainda é um risco. No caso dela, se ela aceitar, será feito uma coleta viro-cordial, o Juiz aceitou, mas ela pode ainda recorrer e pedir que seja feita a coleta depois do nascimento do bebê.
- Hmmm, era o que eu temia. - falou Phillip decepcionado. 
- Sim sim, temos que estar preparados.
- E Dr., como é feito o exame? Em mim.
- É simples, um cotonete, especial para este tipo de exame, é esfregado no interior da boca por um minuto. E o resultado fica pronto de 5 a 7 dias. - explicou Dr. Murilo.
- Realmente, é bem simples.
- Sim, bem simples. Qualquer dúvida, entre em contato. Estou com outra ligação e preciso desligar. Um abraço.
- Outro abraço, Dr. Murilo, obrigado! - falou Phillip, desligando.
Phillip colocou o telefone no gancho e ficou pensativo, mas não por muito tempo, Otto foi logo abrindo a porta, querendo saber das novidades.
- E aí, cara, saiu desembestado na sexta e nem para deixar seu amigo aqui informado! - falou Otto sentando na cadeira de frente ao amigo.
- Foi mal, estava precisando dar uma escapada daqui. A audiência foi boa, mas não sei, cara. Algo não está cheirando bem. - falou Phillip preocupado.
- Se prepare depois que esse cheiro vai ser tornar de cocô, xixi, vômito... - debochou Otto.
- Para com isso, não me faça lembrar isso. Vou ter que fazer exame para saber se a criança é minha.
- Nada mais justo, não é, meu camarada. É assim que tem que ser.
- Luciana pode solicitar o exame só depois de o bebê nascer. Vou ficar esse tempo todo na agonia? Será que suporto? - falou Phillip com as mãos na cabeça.
- Consegue, cara! Você tem um ótimo passatempo! - provocou Otto.
- Você fala de um jeito como se as mulheres fossem realmente um objeto. Carolina não é o tipo de mulher que você se relaciona! - esbravejou Phillip.
- Calma, cara! Falei brincando, não desse jeito que pensou. Ok, vou deixar você com seus pensamentos. - falou Otto, saindo chateado.
Phillip parou de pensar e começou a trabalhar. Afinal, isso o faria esquecer um pouco de Luciana e suas armações. Mas, minutos depois pensou no amigo Otto e perguntou-se:
"Por que será que Otto é tão reticente com as mulheres? Será que nunca se apaixonou? Pelo o que ele me conta, nunca apareceu nenhuma mulher que o deixasse bambo. Ou talvez ele tenha se apaixonado uma vez e se decepcionado, mas e dai? Quantas pessoas já não se decepcionaram no amor e continuaram procurando a sua cara metade? Ter sempre medo de sofrer não está com nada. Olha quem fala... Logo eu que pensava a mesma coisa antes de conhecer Carol. Acho que está falando ousadia e empenho para o Otto."
Phillip pensou no tanto que Carolina falava de Sara, que era uma boa amiga e também sonhava em encontrar um namorado, um companheiro. Phillip ficou bastante curioso em descobrir se Sara conquistaria o coração de Otto. Queria ver o amigo apaixonado. E sim, seria muito engraçado ver tudo o que ele fala de relacionamentos vir abaixo, então pensou em algo, mas precisava de um incentivo e foi aí que ligou para Carolina. Phillip precisava agitar seu plano.
- Oi, amor, como estão as coisas por aí? - perguntou Phillip.
- Muito agitado, a visita das crianças é hoje. Eu e Sara estamos atrapalhadas aqui. Mas, e você?
- Estou com um plano...
- Um plano? Ai, caramba, o que é desta vez?
- Calma... É coisa boa... Ou não. - falou Phillip confuso.
- Manda!!! 
- É o seguinte. Quero ver Otto apaixonado, então pensei que ele pudesse conhecer sem querer a Sara e quem sabe... Um empurrão.
- A Sara, Phill? Mas você não disse que o Otto é um galinha?
- Bem, ele é, mas você não acha que tem algo aí? Você acha que o cara nunca se apaixonou?
- Não sei, como vou saber?
- Pois é, mas eu conheço o Otto. Isso tudo é da boca para fora, quem é que nunca quis encontrar uma namorada legal e companheira? Eu mesmo estava assim antes de conhecer você, Carol. Desiludido.
- É, mas pelo o que sei, você nunca foi um galinha.
- Não, não como Otto - riu Phillip.
- O que? 
- Otto pega mulher praticamente todos os dias, ele não se fixa em nenhuma, fala mal de todas. Nenhuma está ao alcance do grande Otto. Acho que tem um grande recalque aí, alguém o fez sofrer muito.
- E ele não disse nada a você?
- Do jeito que ele é orgulhoso, nem para a mãe ele falaria tal coisa. Ele é o cara debochado, não iria suportar debocharem dele.
- Mas você não faria isso...
- Ah, só um pouquinho, vai... Ele me zoa o tempo todo, mas não fico chateado, algumas vezes ele pega pesado, admito, mas é o jeito dele e é meu amigo.
- Não sei, não. A Sara é uma pessoa super bacana, não quero vê-la nas garras de um galinha como Otto.
- Ah, vamos lá. A Sara não é nenhuma criança, ela vai saber se defender.
- Hmmm, ok. Mas, saiba que se o Otto fizer a Sara sofrer, ele vai se entender comigo!
- Calma. Ele também vai se ver comigo, pode deixar!
- Ok, assim fico menos preocupada. E qual é o plano?
- Vou mandar o Otto ir à Biblioteca, entregar um envelope para você, só que você não vai estar aí e quem vai recepcioná-lo? - perguntou Phillip esperando resposta.
- Sara!
- Exatamente. Acho que ele vai gostar dela. Acredito que Sara faça o tipo de Otto. 
- Faz?
- Bem, é mulher, não? - riu Phillip.
- Aiii - riu Carolina - É Verdade. Eu ligo para você quando a barra estiver limpa, pode ser?
- Vou aguardar, meu amor. Quem sabe não teremos mais um casal apaixonado.
- É, vamos ver...
Os dois se despediram, mas Carolina ficou preocupada. Ainda mais sabendo que Otto era amigo de Phillip, não queria confusão, mas daria uma chance, tudo é possível. E hoje, Sara estava bem humorada e muito bonita, como sempre. Acho mesmo que Otto irá gostar dela.
À tardinha, Carolina ligou para Phillip dizendo que daria uma saída com Celso para visitar uma biblioteca. Às vezes eles faziam isso, conversavam com outros bibliotecários sobre novidades no universo dos livros. Carolina contou o plano para Celso e ele achou fantástico!
Phillip preparou um envelope grande e o encheu de papéis, em sua maioria em branco, misturado com alguns papéis que não seria mais utilizado. Otto não precisava saber disso. Lacrou o envelope e chamou o amigo para ir até sua sala. 
- Otto, será que você poderia levar este envelope no trabalho da Carol? Faça esse favor, irmão!
- Lá na Biblioteca? 
- Isso mesmo. 
- Por que você não vai? - perguntou Otto.
- Não vou poder sair porque daqui a pouco terei uma reunião com os "La Fontana", preciso preparar alguns papéis e esqueci de pedir para o mensageiro levar. Ele já foi para a rua.
- Mas o que é isso, cara? - perguntou Otto curioso.
- É um folder que fiz para o pai dela. Ele vai precisar disso hoje! - respondeu Phillip nitidamente sem graça.
- Folder? Depois você me conta essa parada, mas levo sim cara e ah... Desculpa pelo o que eu disse mais cedo. - falou Otto sério.
- Ah, cara, tudo bem, sem problemas! Já tinha até esquecido.
Assim que Otto saiu, Phillip não conseguiu segurar o riso. Pegou o telefone e ligou para Carolina, informando que Otto já estava na missão mais misteriosa de sua vida. Carolina e Phillip riram ao telefone.

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