29 agosto 2012

29 - Pretexto


Phillip saíra de casa um pouco atrasado para o trabalho, mas estava no lucro, pois tinha trabalhado até tarde no dia anterior, resolvendo as pendências da semana passada e com isso tinha dormido no apartamento refúgio e hoje teria mais uma reunião e mais um tempinho sem falar com Carolina, mas à noite iria matar as saudades.
Chegou ao escritório e procurou por Otto, como não achou, perguntou para Ana de seu paradeiro.
- Otto ainda não chegou, Phillip, quer que eu ligue para ele? - perguntou Ana solícita.
- Não, não precisa, deve estar no trânsito. - respondeu Phillip.
"Estranho, ele sempre chega antes de mim", pensou.
Logo o telefone tocou e Ana avisou que Dr. Murilo esperava na linha.
- Bom dia, Dr. Murilo, como vai o senhor? 
- Tudo bem, meu caro. Liguei para dizer que Luciana recorreu da decisão do Juiz. Bem, não era nenhuma surpresa, concorda?
- Sim, acredito que sim. E agora?
- Ela recorreu do exame de DNA, que acarreta risco a mãe. Então, meu caro, o jeito é esperar. Esperar essa criança nascer para só aí, fazer o exame. É o mais sensato.
- É, acredito que sim. Obrigado, Dr. Murilo. Um grande abraço.
- Manteremos contato. - falou Dr. Murilo finalizando a ligação.
Do outro lado da porta, Otto chegava esbaforido ao escritório. Tinha se atrasado porque dormira até tarde, não acordando com o despertador.
Ana avisou Phillip da chegada de Otto e com isso, foi até a sala do amigo, falar com ele.
- E aí, cara, o que houve? - perguntou Phillip fechando a porta da sala.
- Dormi demais, irmão!
- Dormiu muito ou pouco? - debochou Phillip.
- Que nada! Acho que não durmo assim há muito tempo! Nessas horas que é ruim morar sozinho, ninguém vai te acordar quando o despertador falhar.
- Mas, o que houve? - Phillip ficou desconfiado.
- Houve nada, irmão, está tudo bem! Ah, entreguei o envelope para a sua namorada.
- Ela estava lá? - perguntou Phillip curioso.
- Quando cheguei, não, depois apareceu, mas fiquei conversando com a colega dela.
- Hmmm, pensei que a Carol estaria lá. - falou Phillip disfarçando.
- Sabe, cara, antes de mais nada, Carolina é linda e você é um rapaz de sorte. E outra, que aquela mulher me deixou cabreiro. - falou Otto mexendo em sua rala barba.
- Que mulher? - Phillip ficou ainda mais curioso.
- A tal da Sara, a colega de Carolina. - falou Otto sem olhar nos olhos de Phillip.
- Sei sei, já conheço a Sara. O que tem ela?
- Conhece? Pois é, ela é muito envolvente, sei lá, não sei se a palavra é essa, mas mesmo assim, acho que ela não foi com a minha cara.
- Mas, por quê? O que você fez?
- O que eu fiz? Nada demais, porque você sempre pensa isso?
- Fala, cara, você está muito esquisito.
- Ela falou algumas coisas que me fizeram refletir... - respondeu Otto.
- O que ela disse?
- Ela de brincadeira, pegou na minha mão e leu, como uma cigana e falou que sofri duas decepções no amor e que era hora de seguir em frente.
- Ela falou isso? - Phillip ficou chocado e intrigado.
- Falou, cara, estou dizendo...
- É, truque! Ela estava brincando contigo! - falou Phillip.
- Mas isso me atingiu, sei lá. Você acha que devo voltar lá e pedir desculpas a ela? - perguntou Otto confuso.
- Desculpas? Foi grosso com ela, cara?
- Não, aquele meu jeito, né, cara? Ela pode ter me interpretado mal.
- Hmmm, se é isso que você deseja, vai nessa, irmão.
- É, acho que vou lá mais tarde. - falou Otto por fim.
Phillip ficou sem saber o que pensar. Mas achou que o plano dera certo. Sara o abalara, dera um solavanco em Otto e era isso que Phillip queria. Por hora não iria perguntar se Sara acertou em suas adivinhações, iria deixar
Otto mais a vontade para isso.
Otto apareceu de supetão no fim do expediente da Biblioteca, deixando Carolina, Sara e Celso surpresos.
Otto carregava um botão de rosa na mão e foi direto falar com Sara, pedindo para que conversassem a sós. Com a afirmação de Sara, foram para uma mesa vaga.
Celso e Carolina ficaram olhando de rabo de olho para os dois.
Otto ofereceu o botão de rosa como pedido de desculpas e começou:
- Desculpe-me, se falei algo que te chateou ontem, acho que me interpretou mal.
- Eu? Imagina, você apenas falou o que sente, o que viveu. Certas coisas você só muda enfrentando a situação de frente, sem medo.
- Posso te levar para jantar hoje? - perguntou Otto subitamente.
- Hoje? Desculpe, Otto, mas não vou poder. - falou Sara secamente.
- Amanhã? - insistiu Otto.
- Também não... - Sara falou apertando os lábios.
- Em todo caso, ligo para você depois, sei o número daqui. Agora, preciso ir. Até mais... - falou Otto sem demonstrar desapontamento.
Otto foi embora, mas só por hoje, não iria desistir de conversar por mais tempo com Sara. E Sara ficou olhando Otto sair da Biblioteca com o botão de rosa na mão e pensando no que teria acontecido a Otto.
- Hmmm, acho que alguém começou a gostar de literatura... - debochou Celso.
- Romance moderno! - riu Carolina.
- Nada disso, pessoal, ele só veio se desculpar, esse cara é muito estranho.
- Um bofe desses que eu queria... O estranho a gente corrige, carinho!
- Não estou interessada nele, ok? - bradou Sara.
- Tudo bem, Sara, vamos arrumar nossas coisas e fechar a Biblioteca. - falou Carolina findando a conversa.
Sara ficou mexida com aquele ato de Otto, trazendo um botão de rosa para ela. Jamais tinha recebido sequer uma folha, mas pensou que aquele tipo de homem, fazia de tudo para conquistar uma mulher e nem sempre era sincero, mas algo dizia que ele tinha ido de coração aberto.
"O que será que guarda aquele coração?" - pensou Sara.

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