15 agosto 2012

40 - Brisa


Assim que Carolina abriu os olhos ao acordar, pensou no quanto o fim de semana seria maravilhoso. Ontem, já tinha recebido uma ótima notícia de Dona Berenice, Diretora da Biblioteca. Ela convidara Carolina a fazer um curso de extensão em sua área profissional e ficou muito feliz por isso. E também por ser o aniversário de Phillip, ele daria adeus aos vinte e nove anos e se tornaria um balzaquiano.
Carolina olhou para o relógio e ele marcava 7 horas da manhã. Acordara cedo para ter mais tempo de se preparar para os dois dias que ficariam sozinhos, sem a presença de mais ninguém. Na véspera tinha arrumado as malas e a pedido de Phillip, não levaria muita coisa, mas isso era impossível, sempre tinha algo de que lembrava e colocava na mala.
Phillip reservou os dois dias há uma semana, como uma surpresa para Carolina. O aniversário era dele, mas Carolina quem recebeu o presente e ela ficou muito empolgada com a viagem. 
Nesse meio tempo em que esperava Phillip chegar, Carolina tomou um banho para acordar, preparou um café da manhã e se vestiu com uma legging preta, uma camisa fininha comprida com estampa da atriz Brigitte Bardot e um coturno marrom.
Assim que se viram, beijaram-se longamente. Phillip pegou a grande mala de Carolina e a viu colocar um bilhete para o pai e o irmão, que ainda estavam dormindo e seguiram viagem.
O dia estava limpo, sem nuvens e com um sol de rachar. Levaram duas horas para chegar ao destino da viagem e quando finalmente chegaram, Carolina ficou impressionada com a beleza do lugar, a pousada era linda, deu vontade de chorar com tamanha felicidade que estava sentindo e já sabia que iria sentir muitas saudades daquele paraíso.
Percorreram o caminho de pedras e avistavam o grande deslumbre que eram as cachoeiras e a natureza ao redor. Carolina admirava-se com cada detalhe do lugar, um espaço para descanso com namoradeiras de futon e algumas redes, que ficavam no meio de cortinas, daquele mesmo tipo visto na residência de Phillip, nas cores branca e verde escuro, podendo facilmente esquecer-se do mundo naquele lugar. O casal passou logo depois por um restaurante aconchegante com mesas e cadeiras de madeira, decorado com plantas tropicais e com grandes tochas que naquele momento estavam apagadas e seriam ligadas à noite. Ao lado do restaurante que era visto por dentro pelas grandes vidraças como parede, tinha um bar todo pintado de um vermelho escuro, com bancos altos e belos vasos de cerâmica postos estrategicamente no balcão. O local ainda estava vazio, mas podia avistar os funcionários ajeitando o local para mais tarde.
- Caramba! Esse lugar é lindo! - exclamou Carolina.
- Você ainda não viu nada! - respondeu Phillip.
- Você já veio aqui, Sr. Phillip? - olhou Carolina para Phillip curiosa.
- Eu não, mas meus pais sim! 
- Não me diga!? - Carolina arregalou os olhos.
- Sim! Eles resolveram fazer uma nova lua de mel há uns cinco anos. Fiquei tão impressionado com o que eles diziam e com as fotos, que prometi que traria você aqui.
- Eu?
- Sim. Só estava esperando conhecer você! - riu Phillip.
- Então, quer dizer que você não trouxe a megera para cá? - perguntou Carolina.
- Não! E não estrague o momento! - falou Phillip dando um não bem sonoro para Carolina. - Esse lugar será só nosso! E dos meus pais, claro.
- Seus pais sabem das coisas! - riu Carolina beijando Phillip no rosto.
Phillip apontou para um campo de tênis e mostrou outros lugares para Carolina, um espaço para malhação e outro para jogos, como uma mesa de sinuca, playground e sala de internet.
- Bem, nem aqui a gente se esquece do mundo, será que alguém lembra que tem um computador? - perguntou Carolina.
- Ahh, lembra! Bem, eu me interessei por aquele campo de tênis e você?
- Só se você jogar uma partida de sinuca comigo! - falou Carolina.
- Combinado!
Finalmente chegaram ao estacionamento. Avistaram algumas casinhas coloridas cercadas por mata e muitas bromélias. Phillip pegou sua mala e a de Carolina e riu para ela, esperando a reação de sua amada.
Carolina estava crente que entraria em uma daquelas casas, mas seus olhos brilharam quando Phillip passou a sua frente e caminhou para outras residências, que ficavam em uma área exclusiva da pousada, um pouco distante da área social, em um lugar mais privativo e aconchegante.
- Nós vamos ficar aqui? - perguntou Carolina sorrindo de orelha a orelha.
- Exatamente! Como Tarzan e Jane!
- Nossa! Não acredito, eu adorei! Só falta o cipó, caímos diretamente na piscina!
- Piscina natural! Não é bonito isso aqui? - perguntou Phillip abraçando Carolina.
- Muito! Será que estou mesmo aqui? Será que morri? Estou no paraíso! - falou Carolina retribuindo o abraço e dando-lhe um beijo apaixonado. - Obrigada, meu bem por me trazer a este lugar!
- Agradeça com seus carinhos mais tarde!
- Ahhh, danado!!! 
O lugar que Carolina se apaixonara era um bangalô, com janelas altas de madeira, uma varanda espaçosa com uma namoradeira de futon e uma rede para descansar vermelha. Na varanda também tinha uma mesa para refeição rústica, decorada com um cesto de frutas frescas e uma bela vista para as montanhas com sua grande mata de folhas e flores, em sua maioria bromélias. Pareciam estar sozinhos ali, só ouvia o barulho dos pássaros, com várias de suas espécies.
Entrando no bangalô, avistava-se um cômodo de conforto simples e caseiro. Continha uma cama Queen Size de casal com travesseiros de plumas, que ficava direcionada para a varanda, sendo o ambiente escurecido por espessas cortinas brancas que se afunilavam em prendedores com franjas. As paredes eram feitas de palha e bambu. Uma cômoda de madeira para as roupas, um lustre de fibra redondo pendido no teto e um sofá branco com almofadas coloridas. Um grande vaso de plantas e flores ficava ao lado da entrada do banheiro, que era simples e muito bem arrumado, com toucas, roupões e sais de banho e sabonetes artesanais.
Carolina abriu as cortinas, deixando a luz do sol entrar no cômodo e se jogou na cama, fazendo seu corpo subir e descer com o impacto. Estava extasiada. Logo depois, Phillip que já tinha colocado as malas em seus devidos lugares, fez companhia à Carolina na cama. Namoraram por um tempinho na imensa cama de lençóis brancos e sedosos.
- Feliz Aniversário, meu amor! - falou Carolina.
- Obrigado, amor! Viremos novamente quando fizermos aniversário de namoro, que tal? - perguntou Phillip.
- Eu acharia ótimo! Queria uma casa assim, para passarmos nossas férias, quando estivermos mais velhos, já casados e com filhos. - sonhou Carolina.
- É uma ideia tentadora, mas precisaria ser um pouco maior, não iria caber todo mundo aqui! - riu Phillip.
Carolina e Phillip resolveram sair para conhecer melhor o lugar. Ela tirou a legging e colocou um shortinho jeans e Phillip continuou com sua roupa, uma camisa listrada verde e branca, bermuda bege e seu tênis cano alto.
Phillip já estava nas escadas do bangalô esperando Carolina, que tinha pedido um minutinho para ir ao banheiro. Mentira! Ia colocar o presente de Phillip em um lugar estratégico para que quando chegassem do passeio, ele visse a surpresa comprada por Carolina.
Saiu correndo para que Phillip não desconfiasse de nada e saíram de mãos dadas para o passeio. Foram de uma ponta a outra da pousada, colocando o assunto em dia e conhecendo cada detalhe do lugar. 
Resolveram ir até o restaurante para se servirem do café da manhã, estavam com fome. O lugar era decorado com uma imensa mesa de madeira com cartela de frios, bolos, pães caseiros, iogurtes e pratos típicos. Outra mesa continha várias garrafas de café, chá e sucos. A metade das janelas era decorada com cortinas de renda branca e quadros pintados à mão ficavam espalhados pelo restaurante, mostrando as belezas da cidade.
- Imagina se eu tivesse essa opção todos os dias? Estaria imensa, é tudo tão delicioso! - falou Carolina.
- Realmente, não tem como resistir a esse buffet. - falou Phillip, recheando com geléia de amora seu pãozinho de fubá.
- Somos os únicos aqui! - falou Carolina.
- É porque já está na hora deles recolherem o café da manhã. Por pouco não demos com a cara na porta. Aliás, você precisa me agradecer, se não tivéssemos parado no meio do trajeto, talvez não encontraríamos o restaurante aberto.
- Ah! Como você é metido! - falou Carolina rindo.
Satisfeitos com o abundante café da manhã, Carolina e Phillip voltaram para o bangalô, mas não estavam cansados, queriam aproveitar o máximo de tempo ali, naquele paraíso. E assim que Phillip colocou os pés no quarto, havia um embrulho cinza com um pequeno laço vermelho e um envelope ao lado. Logo que viu, um sorriso tímido e ao mesmo tempo feliz decorou aquele belo rosto, Phillip não imaginara que Carolina iria lhe fazer uma surpresa.
Sentou na cama e primeiro pegou o envelope que estava escrito em uma caligrafia desenhada: "Como numa tarde de primavera, o que eu fazia todos os dias era procurar o seu rosto, nos sonhos minha vida era ao seu lado e agora minha vida é com você. Não poderia estar mais feliz. Te Amo!".
Ele sorriu para Carolina dando um beijo em sua testa e abriu o presente. Era um suéter de cashmere roxo com zíper. Phillip ficou embevecido com tamanho carinho de Carolina com ele. Se isso não era amor, era o que? Phillip agradeceu o presente, dando um abraço e a jogando na cama, beijando sem parar e fazendo cócegas para desespero de Carolina.
- Lembra-se deste suéter? Quando fomos ao shopping de passagem, você viu na vitrine e ficou de olho, o fotografei na minha mente e voltei dias depois para comprar. Acho que foi um presente bem dado, não acha? - riu Carolina.
- Adorei, amor! Achei muito bonito. Agora é esperar fazer frio para usá-lo. Será que aqui faz frio à noite? - perguntou Phillip experimentando o presente.
- Hmmm, acho que sim. Vamos dormir no friozinho do ar condicionado! - riu Carolina satisfeita.
Resolveram ir para a piscina da pousada. Outros casais faziam companhia a eles, um era estrangeiro e tentaram em vão se comunicar com eles. Eles improvisaram um português, mas apenas saíram palavras borradas. Os casais, que eram da Alemanha informaram por mímicas que o caderninho com as traduções estavam no chalé e sem ele 'no translation'. Phillip e Carolina se divertiram mesmo assim, mas era realmente difícil compreendê-los. O outro casal era do sul do país e estavam encantados com o lugar, conheceram a cidade do Rio de Janeiro e resolveram finalizar as férias em um lugar mais calmo e aquele era o lugar certo para isso.
Logo depois de pegarem um bronze no deck da piscina, Carolina e Phillip foram até o restaurante da pousada para o almoço. Escolheram um prato e pediram para que fosse entregue no bangalô. Queriam uma refeição mais intimista.
Fizeram as refeições no quarto, de frente para as montanhas, com os pássaros cantando ao pé do ouvido. Almoçaram tarde e logo depois, resolveram esperar anoitecer para ficarem juntinhos na rede, admirando a vista, conversando e namorando, sentindo a brisa suave da tarde e querendo que o tempo parasse ali por algumas horas.


2 comentários:

  1. Adorei o texto. Que lindo blog Cláudia. Hoje à noite começarei a ler seus textos com calma. Me avisa a cada texto novo que faço questão de divulgar. Parabéns! Te adoro e torço sempre por ti. Beijo gigante da tua amiga de sempre. Andrea @deinhaloreto

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    Respostas

    1. Obrigada, Andrea!
      Essa força é muito bacana, me dá mais vontade de escrever =)
      beijão!

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